de nada mais preciso para a minha ilusão do Paraíso.
Aos 23 anos, tenho já duas certezas...
Não existem coincidências.
Tudo na vida é obra do acaso.
Sendo o que acabei de escrever, duas premissas tão secretas como valiosas para a humanidade, acabo de vos poupar o tempo de as apreender, ao mesmo tempo que livrei-me do fardo de explicar, o que abaixo vou escrever.
Vivi o "Sofá", como já referi, numa casa onde nunca morei, ora por acima e abaixo dessa casa onde não morei, existiam muitas mais casas, era um prédio, tenho quase a certeza. Logo acima da referida casa, portanto no andar de cima, viveu David Mourão-Ferreira, viveu porque... está morto, isso aconteceu num 16 de Junho no final do século passado (belo dia para uma pessoa morrer).
Obviamente, (e agora todos em coro) na mala "Para Paris, por favor" descobri mais um poema que o David Mourão-Ferreira poderia eventualmente ter escrito num dia em que uma dor de barriga talvez o tenha perturbado.
Para que conste David Mourão- Ferreira ao que se sabe, não sofria de Doença Celíaca.
No meu dia de anos
Eu quero o presente.
nem passado nem futuro.
quero um presente
um instante
milésimo de dia.
uma carruagem nocturna
numa noite fria.
Eu quero o presente e ponto final e as virgulas
quero o espaço entre o desejo
quero aquele teu ar a seguir a um beijo.
quero estas rimas difíceis
que me surgem sem pedir
quero uma nota
de instrumento que não sei mentir.
quero o presente nu
nada embrulhado
quero a vitória, a conta e tudo checked mate, sobreamesa.
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