20 de novembro de 2009

Thirteen conversations about one thing

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Vi um filme, um bom filme, daqueles em que me fez relembrar a secreta vontade que tinha na adolescencia de viver em Nova Iorque, vontade essa presumo agora, vinha do facto de nos filmes que via nessa altura passados em Nova Iorque as personagens eram adultas, advogados, policias, jornalistas, jogadores de baseball, prostitutas, zés ninguém ou ricalhaços, pessoas com vidas, algo com que podia apenas sonhar presumia eu na minha angustia complexada de adolescente sem amigos adolescentes, angustia magra, angustia de paixões platónicas, angustia da colisão entre lições bíblicas de humildade e certezas de grandiosidade interior.
Neste bom filme passado em Nova Iorque em que curiosamente todos os planos são fechados, pouco mostram da cidade, e intensificam os duelos interiores de cada personagem, (Ok, ok não conto mais.) surge uma frase não inédita, pois há muito faz parte da gíria de quem lida com leis por um lado e teologia por outro mas, com o seu impacto.

"A fé é a antítese da prova."

Fez-me pensar que o que a frase tem de absoluto, falta-lhe em contemporaneidade. Não falo de estar ou não na moda, mas parece-me que digamos, no mundo inteiro e o fundamentalismo que vemos efervescer neste, fundamentalismo esse que tento racionalizar sempre em vão, não entendendo os passos na vida de um fundamentalista e não o digo por ignorância historia ou cegueira naive, conheço o fundamentalismo de perto, conheço o seu cheiro na estação de Aldgate East e Kings Cross St. Pancras, conheço o seu efeito familiar e ate se pudera dizer que sou beneficiário do seu efeito desportivo na minha profissão. Parece-me, dizia, que o quer que o fundamentalista religioso ande a ler, quer seja a Tora, o Corão, a Bíblia ou qualquer outro escrito para si sagrado, em nenhum dos posfácios destes livros se encontra a frase "...e tudo isto está provado, portanto quem não seguir a minha linha de pensamento deve morrer, no mínimo."

Nenhum destes livros, caso fosse apresentado como tese, ganharia boa nota, numa prova oral ninguém pudera dizer: "Sr. Professor, a serio, acredite em mim, o Moisés as tantas abriu o mar vermelho ao meio e salvou os hebreus da ira do faraó."

Como nota final e apenas a titulo de exemplo deixo apenas a seguinte ponderação: o que andam afinal estes workaholics do extremismo a ler? Ora entre outros profetas, Moisés é ou mais importante ou parte preponderante para a maior parte deles... os seus escritos fazem parte da Bíblia, da Tora, do Corão e já agora também tem o seu papel na Fé Rastafari e na Fé Baha'i. Querendo com isto dizer que o Moisés faz parte da Al-Qaeda.

Não, claro que não. Querendo com isto dizer que andam pessoas a morrer por diferentes leituras de uma mesma coisa. E' uma ideia tão ridícula como a anterior, mas desta ultima não posso dizer que estava a brincar.
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